domingo, 19 de junho de 2011

DISLEXIA na FASE ADULTA

A DISLEXIA NA FASE ADULTA
Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades:
· Continuada dificuldade na leitura e escrita;
· Memória imediata prejudicada;
· Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
· Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
· Dificuldade com direita e esquerda;
· Dificuldade em organização;
· Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência: depressão, ansiedade, baixa auto-estima e algumas vezes o Ingresso no uso de drogas e álcool.
Feeling do professor
Como é uma síndrome geralmente detectada na Infância, o papel do professor é muito importante, principalmente na fase da alfabetização. Ter o feeling de perceber algo errado com determinado aluno é essencial para evitar traumas futuros. Porém o que muitas vezes acontece é a falta de conhecimento sobre a dislexia que pode trazer avaliações distorcidas. Esse quadro de dificuldade de leitura não tem cura, e acompanha uma pessoa por toda a vida, do Ensino Fundamental até o Superior.
Nenhum professor precisa ser oftalmologista para notar que o estudante não está enxergando bem. O dia-a-dia da sala de aula mostra isso. O mesmo vale para a audição e outras deficiências, como a própria dislexia. O professor percebe que tal pessoa é inteligente, perspicaz, criativa, tem facilidade para fazer uma porção de coisas, no entanto, quando tem que ler, escrever ou entender o que leu, pronto, nem parece a mesma. Esses indícios são os mais significativos.
"Os professores e coordenadores pedagógicos têm que ter algum tipo de treinamento, alguma sensibilidade para detectar que é mesmo dislexia, para não falar que o aluno é folgado, vagabundo e não quer aprender”. O professor de Leitura e Lingüistica da UVA (Universidade Estadual Vale do Acaraú), Vicente Martins "Ninguém enxerga aquilo que não conhece,"

Vestibular
Se o vestibular já é um bicho-de-sete-cabeças para pessoas sem dislexia, imagine, então, para alguém disléxico. Redação, perguntas com enunciados enormes, cálculos, interpretação de textos e tudo isso sob pressão. O tempo também é um fator importante, já que pessoas com essa síndrome têm dificuldade de leitura e, conseqüentemente, levam mais tempo para ler, interpretar e resolver os enunciados.
É por isso que fundações como a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) já estão se abrindo para o problema do disléxico. Quem possui a síndrome e comprova através de um relatório idôneo, faz a prova em um local diferente com um monitor que lê as questões para que a pessoa ouça e entenda melhor. Além disso, tem duas horas a mais para realizar o vestibular, pode usar calculadora, construir mentalmente a redação e ditar para que o monitor a escreva. Isso já acontece há dois anos seguidos.
A pessoa disléxica é um mau leitor: é capaz de ler, mas não é capaz de entender o que lê de maneira eficiente. "É uma síndrome que acomete o ser humano. Isso vale para o esquimó, para a aborígine da Austrália, para o japonês, cairçara, pigmeu da floresta africana. E independe de qualquer outra variável. E a pessoa vai ser disléxica sempre, como o canhoto, mesmo que ele desenvolva habilidades na outra mão e supere as dificuldades, sempre será canhota. O disléxico também", observa Braggio. (2005)

Ensino Superior
E será que uma pessoa disléxica pode chegar a uma universidade e completá-la satisfatoriamente? Os professores são unânimes: isso é perfeitamente possível, desde que o aluno avise do problema para a coordenação do curso que irá alertar os docentes para que tenham sensibilidade em lidar com esse estudante. O gênio inventor da teoria da relatividade, Einstein, era disléxico e, no entanto, toda a humanidade reconhece seus feitos. Dislexia não tem nada a ver com inteligência.
As mesmas bases da instrução infantil devem guiar a instrução adulta, utilizando abordagem multissensorial dirigida e estimulando ambos hemisférios cerebrais. A utilização do computador com recursos de auto-correção é altamente recomendável, sempre que seja de interesse e relevância.
“O ser humano vai criar compensações. Ele pode ser péssimo em língua portuguesa e ainda assim um grande líder. Por exemplo, uma das compensações importantes em que o disléxico precisaria ter uma atenção especial é o tempo nas provas e concursos. Não é super proteção, mas considerá-lo realmente como uma pessoa que necessita de atendimento especial", argumenta Martins. Chegar à universidade é uma grande conquista para o disléxico, por isso, hoje em dia, algumas instituições já estão criando laboratórios para dar atendimento a jovens com dificuldades de leitura.
Quando se fala em dislexia, existem dois componentes que devem ser levados em conta: ler e compreender o texto. Quem tem dificuldade de leitura, tem problemas em ler um texto em voz alta e, conseqüentemente, em compreendê-lo. Para quem chega à graduação e passa por uma enxurrada de textos que são necessários para a compreensão e resposta de uma série de questionamentos das diversas disciplinas da grade curricular, é importante que os professores dêem uma orientação e atenção especial.
Os professores devem ficar atentos a alguns sintomas da dislexia em adultos que, caso não tenham tido um acompanhamento adequado na fase escolar, ou, se possível, pré-escolar, ainda apresentará dificuldades na leitura e escrita: memória imediata prejudicada; dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia); dificuldade com direita e esquerda; dificuldade em organização; aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência depressão, ansiedade, baixa auto-estima e, algumas vezes, o ingresso para as drogas e o álcool.
O disléxico tem um ritmo diferente dos não-disléxicos. Portanto, evite submetê-lo a pressões de tempo ou competição com os colegas. É importante estimulá-lo e fazer com que acredite na sua capacidade de tornar-se um profissional competente.

Sugestões de boas práticas
As seguintes sugestões de boas práticas serão particularmente úteis para os estudantes com dislexia, mas podem ser úteis aos estudantes em geral. Para além destas sugestões achamos muito importante que o Professor obtenha mais informação sabre dislexia e contacte com os estudantes, no sentido de saber o que para eles e mais útil.

O estudante disléxico na Universidade:
É importante estar alerta para a eventualidade de ter um estudante disléxico entre os que freqüentam as suas aulas. Assim deverá:
· estar consciente de que ele aprende de forma diferente da convencional;
· tentar obter informações acerca dos problemas com que o estudante disléxico se confrontou no secundário, especialmente no que diz respeito:
- capacidade de auto-gestão;
- ao seu sentido de organização;
- à capacidade de tomar notas;
- à gestão do tempo;
- à gestão dos projetos e trabalhos a realizar;
- ao ensino unidimensional;
· reconhecer a frustração que estudante disléxico deve sentir;
· reconhecer que as classificações podem ficar muito aquém do potencial do estudante;
· reconhecer problemas de auto-estima e de depressão;
· demonstrar simpatia, atenção e preocupação;
· oferecer-se para ser o professor-tutor ou nomear-lhe um;
· saber ouvir e aconselhar quando necessário e nas alturas previstas para tal;
· ajudar a organizar os trabalhos;
· planificar os trabalhos com datas bem determinadas (por exemplo, o primeiro trabalho sobre o primeiro capítulo na data x, o segundo na data y ... e assim sucessivamente);
· indicar as leituras obrigatórias nas bibliografias de referência;
· assegurar que os direitos previstos na lei em benefício dos estudantes disléxicos são respeitados, nomeadamente em matérias de exames: intervalos, tempo suplementar, leituras, utilização de computadores portáteis, etc.;
· ajudar os estudantes a preencher formulários e a redigir pedidos relacionados com os seus direitos;
· insistir no reforço dos talentos naturais do estudante.


Nas aulas
Os estudantes com dislexia lêem e escrevem mais lentamente do que os outros estudantes, assim é para eles, muito difícil acompanhar as aulas tirando notas. Estes estudantes podem também encontrar dificuldades em ler acetatos / apresentações nas aulas, pois têm dificuldade em compreender o que lêem e em copiar.
· Fornecer um resumo quando se introduz um novo tópico, de forma a iniciar a familiarização do estudante com o assunto - salientar as idéias principais e palavras-chave;
· fornecer textos de apoio às aulas, de forma a diminuir a quantidade de notas que o estudante tem que tirar numa aula;
· usar múltiplas formas de apresentar a informação: vídeos, slides, demonstrações práticas, bem como ir falando ao longo da apresentação de textos;
· prever tempo para os estudantes lerem os textos de apoio às aulas, sobretudo se esses textos vão ser mencionados no decurso de uma aula;
· introduzir tópicos e conceitos novos de uma forma óbvia – explicar termos e conceitos novos;
· dar exemplos para ilustrar um ponto de vista, uma perspectiva, um assunto;
· fazer pausas regulares para permitir que os estudantes possam acompanhar;
· perguntar ao estudante disléxico se está conseguindo acompanhar o trabalho nas aulas;
· fornecer material escrito, formatando-o num estilo simples, claro e conciso;
· usar preferencialmente material impresso em detrimento de notas escritas à mão;
· evitar fundos com imagens ou figuras;
· uma fonte clara como o Arial ou o Comic Sans é mais fácil de ler do que fontes como o Times New Roman;
· não devem ser usadas demasiadas fontes diferentes num mesmo texto;
· não usar blocos densos de texto. É aconselhável o uso de parágrafos, diferentes tipos de cabeçalhos, símbolos gráficos a destacar partes de textos e numerar textos;
· destacar partes de textos ou palavras usando preferencialmente o negrito em detrimento do sublinhado ou itálico;
· imprimir em papel de cor pode ser mais fácil de ler para alguns estudantes com dislexia. Alguns estudantes com dislexia usam acetatos de cor que colocam por cima do texto para facilitar a leitura.
· são de evitar as tintas vermelha e verde, pois estas cores são particularmente difíceis de ler.
· usar formas alternativas de apresentar conteúdos como gráficos, diagramas, etc.

Avaliações
Em situação de avaliação as capacidades de escrita e ortografia do estudante universitário disléxico podem piorar devido à pressão do tempo. Estes estudantes podem igualmente usar um tipo de linguagem mais básica, evitando palavras longas que lhes torna mais lento o processo de expressão escrita.
· As perguntas devem ser expressas em Iinguagem clara e concisa;
· combinar com os estudantes disléxicos a data de entrega de trabalhos;
· permitir a este estudantes o uso de corretores ortográficos e/ ou outras formas de trabalho que os ajudem a detectar e corrigir os próprios erros;

Trabalhos práticos
Podem surgir dificuldades quando estes trabalhos exigem apresentações escritas com prazos muito curtos – trabalhos escritos à mão podem ter uma péssima apresentação, bem como conter muitos erros ortográficos.
· Deve ser permitida a entrega destes trabalhos impressos, portanto escritos usando o computador;
· os estudantes disléxicos podem ter dificuldades em seguir instruções, de forma que estas devem ser claras e simples;
Estratégias de apoio à avaliação e classificação e classificação
Deve sempre dar feedback ao estudante sobre a avaliação que fez do trabalho apresentado por ele. Sempre que necessário deve conversar com ele sobre esse assunto.
Quando pontua um trabalho use marcadores diferentes para diferenciar o conteúdo da apresentação (ortografia e gramática, bem como organização das idéias).
Comemorar?
Sim, o disléxico tem como predominante característica a dificuldade no manejo da palavra conquanto símbolo gráfico.
Em contrapartida tem,
* Ótima noção de situação, com seu senso de contexto e oportunidade,
* Aguçada percepção da tônica do momento, com apurada intuição e sensibilidade,
* Excelente memória fotográfica e orientação espacial,
* Grandes habilidades como estrategista e visão de conjunto,
* Importantes habilidades sociais e empatia,
* Desenvolvida competitividade e perfeccionismo,
* Natural criatividade e inventividade,
* Enorme alegria e espontaneidade,
Que o tornam ... um vencedor!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A PSICOPEDAGOGIA NA INSTUIÇÃO ESCOLAR

A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, e surgiu de uma demanda: o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia. Como se preocupa com os problemas de aprendizagem, o psicopedagogo deve ocupar-se inicialmente com o processo de aprendizagem, como se aprende, como essa aprendizagem varia, e como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las.
Segundo Bossa, o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.
O trabalho na instituição escolar, voltado para a psicopedagogia, apresenta duas naturezas: o primeiro diz respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o respeito às suas necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos, conforme os objetivos da aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto à pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, as diferentes áreas do conhecimento.
Na sua tarefa junto às instituições escolares, o psicopedagogo, numa ação preventiva, deve adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, visando propor novas alterações de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas.Para resolver o fracasso escolar necessitamos recorrer principalmente a planos de prevenção nas escolas – batalhar para que o professor possa ensinar com prazer para que, por isso, seu aluno possa aprender com prazer, tende a denunciar a violência encoberta e aberta, instalada no sistema educativo, entre outros objetivos.
Tendo por base o livro de Patto “A Produção do Fracasso Escolar: história de submissão e rebeldia” o qual busca uma reconstrução histórica das idéias presentes na Psicologia. Importante para compreensão do modo escolar atual precisa-se ter uma visão clara da estrutura escolar ao longo da história. Assim, Patto retoma a história brasileira para fazer a compreensão da produção do fracasso escolar de um sistema de ensino que tinha uma lógica desde muitos anos atrás que não pode ser deixada de lado para entendermos a realidade educacional dos dias atuais. Não existe crítica sem história, e, fazendo uma retomada nos marcos da história visando um sistema de ensino que tem concepções lineares ao longo do tempo.
O aluno, ao ingressar no ensino regular, por volta de 7 anos, traz consigo uma história vivida dentro do seu grupo familiar. Se a sua história transcorreu sem maiores problemas, estará estruturado seu superego e poderá deslocar sua pulsão a objetos socialmente valorizados, ou seja, estará para a sublimação. A escola se beneficia e também tem função importante nesse mecanismo, pois lhe fornece as bases necessárias, ou seja, coloca ao dispor da criança os objetos para os quais se deslocará a sua pulsão. A escola administra esse mecanismo pulsional da criança. É o momento ideal para o ingresso no ensino regular, já que as suas condições psíquicas favorecem o aprendizado escolar. Se tudo correu bem no desenvolvimento da criança, estará estruturado o seu desejo de saber: a epistemofilia. Ingressa na escola com um desenvolvimento construído a partir do intercâmbio com o meio familiar e social, o qual pode ter funcionado tanto como facilitador como inibidor no processo de desenvolvimento afetivo-intelectual. Em seus eventuais bloqueios, a afetividade pode estar operando de forma a impedir a aprendizagem.A criança não escolhe ir para a escola e, tampouco, o que vai aprender. A instituição escolar, a rigor, tem a função de preparar a criança para ingressar na sociedade, promovendo as aprendizagens tidas como importantes para o grupo social ao qual esse sujeito pertence.Por outro lado, na escola, a criança encontra-se especialmente com um outro – o professor. O professor escolheu sua tarefa – ensinar o que sabe – e preparou-se para tal. As motivações que o levaram a eleger essa tarefa podem ser muito variadas e determinam seguramente uma forma de vínculo com os seus alunos.
Pensar a escola à luz da Psicopedagogia implica nos debruçarmos especialmente sobre a formação do professor. As propostas de formação docente devem oferecer ao professor condições para estabelecer uma relação madura e saudável com os seus alunos, pais e autoridades escolares. Investigar, analisar e realizar propostas para uma formação docente que considere esses aspectos constitui uma tarefa extremamente importante, da qual se ocupa a Psicopedagogia. O processo diagnóstico, assim como o tratamento, requer procedimentos específicos que constituem o que chamo de metodologia ou modus operandi do trabalho clínico. Ao falar da forma de se operar na clínica psicopedagógica, ela varia entre os profissionais, a depender, por exemplo, da postura teórica adotada, além de se contar com o fato de que, como já foi dito, cada caso é um caso com suas variantes, suas nuances, que diferenciam o sujeito, seu histórico, seu distúrbio.
Em geral, no diagnóstico psicopedagógico clínico, ademais de entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras, conforme o referencial adotado pelo profissional. Seja qual for esse referencial, a observação, é de fundamental importância para precisar melhor o quadro do problema e processar o tratamento.Quando se faz referência à produção do sujeito, no momento do diagnóstico, fala-se do material diagnóstico, ou seja, olhar e escutar para decifrar a mensagem do jogo, de um silêncio, de um gesto, de uma recusa. Mais importante que os instrumentos utilizados é a atitude do profissional frente à mensagem do cliente.